Débora Gurgel: Um Trajeto na Música e na Educação
Introdução
Débora Gurgel é pianista, compositora, arranjadora e educadora brasileira cuja trajetória na música é marcada por influências familiares, formação acadêmica e experiências profissionais diversificadas. Este texto explora sua relação com a música, suas concepções sobre arranjo e composição, sua inserção como mulher no meio musical e os desafios enfrentados ao longo de sua carreira.
História com a Música
Débora começou sua relação com a música na infância, influenciada por Dona Hermínia Sanchez, vizinha e professora de piano. Desde muito cedo, demonstrou interesse pelo instrumento, que já fazia parte do ambiente familiar. Seus pais ouviam diversos gêneros musicais, incluindo música brasileira e artistas internacionais, como Frank Sinatra e Ben Miller. Esse contato inicial contribuiu para sua familiaridade com a música e estimulou sua criatividade, levando-a a realizar transcrições já no começo da adolescência.
Débora iniciou seus estudos de piano aos oito anos, mesmo sem possuir um instrumento em casa. As primeiras lições foram baseadas em métodos infantis e repertório erudito, mas a presença de discos em casa permitiu que ela desenvolvesse sua prática musical de maneira autodidata, tocando junto com gravações.
Na adolescência, participou da Escola de Música Popular do Zimbo Trio, onde teve aulas com Fernando Mota e, posteriormente, com Amilton Godoy. Aos 16 anos, tornou-se monitora na escola. Durante esse período, também começou a estudar flauta e a demonstrar interesse por arranjo e composição.
Concepções e Influências no Arranjo
A prática de tocar em grupos durante a adolescência despertou em Débora um interesse crescente em escrever para formações diversas. Suas influências incluem artistas como Dori Caymmi, além de nomes do jazz e da música erudita, como Debussy, Duke Ellington, Count Basie e Claus Ogerman.
Seus projetos incluem participação no PROAC-SP, com a produção de um disco de big band, onde selecionou um repertório diversificado, que combinava novas composições e rearranjos de obras existentes. A ideia de "reciclagem proposital" reflete seu olhar criativo e inovador sobre o repertório.
Carreira Acadêmica e Musical
Embora seu desejo inicial fosse cursar música, Débora optou pela Engenharia Elétrica na USP devido à inexistência de cursos voltados para música popular na época. Após concluir a graduação, trabalhou como professora universitária por sete anos. Mesmo durante sua atuação acadêmica, manteve sua relação com a música, consolidando sua carreira como educadora e instrumentista.
Projetos Familiares e Colaborativos
O projeto DDG4 nasceu de um ambiente familiar repleto de música. Dani, filha de Débora, foi motivada a cantar e participar dos trabalhos musicais por relatar que via a mãe muito feliz ao tocar. A dinâmica entre mãe e filha - e os demais membros do quarteto - evoluiu de forma natural, com um equilíbrio entre liberdade criativa e respeito mútuo. A produção colaborativa no grupo tornou-se um diferencial, com arranjos que combinam a visão de todos os integrantes.
Desafios e Inserção Profissional como Mulher
Débora iniciou sua carreira profissional aos 14 anos, enfrentando desafios ligados ao machismo e ao sexismo no meio musical. Desde comentários como "você toca como homem" até questões estruturais, como a dificuldade de carregar equipamentos sozinha, sua trajetória reflete as dificuldades enfrentadas por mulheres nesse espaço.
Apesar dessas barreiras, Débora aprendeu ao longo do tempo a lidar com essas situações de forma imediata e assertiva. Sua concepção de projetos, como a big band, enfatiza a importância do equilíbrio de gênero, origem e raça, buscando transformar o cenário musical em um ambiente mais inclusivo.
Conclusão
A trajetória de Débora Gurgel reflete sua paixão pela música, seu compromisso com a educação e sua luta por equidade no ambiente profissional. Suas contribuições como instrumentista, compositora e educadora são inestimáveis, e seu legado inspira novas gerações de músicos e arranjadores.
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